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Reflexões sobre o Desenvolvimento da Criança Segundo A Perspectiva da Gestalt-Terapia

publicado em 17.12.2018 por anapaula

Reflexões sobre o Desenvolvimento da Criança Segundo A Perspectiva da Gestalt-Terapia
(artigo publicado na Revista de Gestalt nº5)

 

Cláudia Ranaldi Nogueira, Eviene Abduch Lázaros, Myrian Bove Fernandes, Sandra Regina Cardoso e Tereza Cristina Pedroso Ajzenberg

 

Sumário

Este trabalho pretende expor questionamentos e discussões que fazemos na tentativa de compreender o fenômeno do crescimento às luzes do nosso conhecimento e embasamento teórico em Gestalt Terapia. Surgiu da necessidade de resgatar estudos sobre o desenvolvimento para ampliar a compreensão diagnostica da criança em terapia, já apontada por Fernandes em Brasília, 1991.

Neste sentido, estudamos a contribuição de alguns autores como Joana Wilheim, Daniel Stern e Marshall E Phyllis Klauss que pesquisaram e descreveram as observações que fizeram em bebês e crianças em diferentes fases da vida. Procuramos entender como acontecem os primeiros episódios de contato que ocorrem na fronteira mãe/bebê, focalizando e pormenorizando as fases iniciais do processo de desenvolvimento.

 

Summary

 

In this paper we propose some discussion about growth from the perspective of Gestalt-Therapy. We belive that studies on child development can bring important contributions to the diagnosis and understanding of the child who is in therapy. Based on authors such as Joana Wilheim, Daniel stern and Marshall and Phyllis Klauss, we try to understand how the very fisrt contact episodes occur in the boundary “mother\baby” and its implications to the process of child development.

 

Introduçao

 

Nos últimos anos vários Gestalt-Terapeutas como Polster (1990) e Oaklander (1994) vem ressaltando a importância da pensar o desenvolvimento sob o enfoque da Terapia Gestáltica. Bresgold e Zahn (1992), reforçaram essa idéia, afirmando que a Gestalt-Terapia vem sendo cada vez mais aplicada a tratamentos de longa duração em pacientes que apresentam comprometimentos severos de personalidade. Acreditam que uma teoria de desenvolvimento daria suporte ao terapeuta, possibilitando-lhe estar mais sensível as necessidades que se referem ao desenvolvimento bem como ampliar a sua compreensão de processos duradouros. Desta forma pensamos que o Gestalt-Terapeuta, tanto de adultos como de crianças, se instrumentaria melhor para auxiliar o paciente a integrar a ampliação de “awareness” no aqui e agora do que se passa na sessão, ao lá e então da sua experiência ao longo de sua historia de vida; considerando e trabalhando com as lacunas, impedimentos, cristalização de seu processo de crescimento. Segundo os autores supra mencionados, perls não se preocupou com teira de desenvolvimento, porque possuía uma base psicanalítica – onde já transitava este conhecimento – e não havia necessidade, dentre os Gestalt-Terapeutas da época, da definição dessa teoria para o desenrolar de seus trabalhos. Hoje, no entanto, percebe-se que o modelo relacional de desenvolvimento é mais compatível com a Gestalt do que o modelo psicanalítico, uma vez que a gestalt vê o Homem inserido no meio em que vive e a relação terapeuta-paciente é considerada como parte desse campo. É importante reafirmarmos que, embora Perls não tenha se preocupado em elaborar uma teoria do desenvolvimento, ele descreveu a estrutura do crescimento baseada no conceito de ajustamento criativo. Como Yontef, 1993, p.271, consideramos que “o desenvolvimento psicológico é função da maturação biológica, das influencias ambientais, da interação individuo – meio e do ajustamento criativo feito pelo individuo único”. Temos a convicção que ao interagir com o meio o individuo não esta presente apenas com necessidades psicológicas mas como um ser biológico pertencente a uma espécie animal, tendo recebido uma herança genética que o torna um ser singular, vivenciando suas experiências de forma única e particular. Ao pensarmos na evolução do Homem através do tempo consideramos seu crescimento em seus aspectos físico, sensorial, perceptivo, motor, cognitivo, afetivo – emocional, ético, e social. Enquanto Gestalt – Terapeutas entendemos que só faz sentido considerarmos o individuo como uma globalidade, onde todos estes aspectos se articulam em uma unidade dinâmica, estando em constante movimento e troca com o ambiente através do contato que é vivenciado. Neste sentido, o desenvolvimento deve ser focado sob o prisma relacional. Esta evolução ocorre já na vida intra-uterina, quando a mão intermédia as trocas que acontecem entre o feto e o meio exterior. Após o nascimento, as interações mãe\bebê contribuem para a formação dos primeiros vínculos que desencadeiam processos de aprendizagem e posteriormente auxiliam a criança na socialização.

Focalizaremos a seguir os primeiros momentos do processo evolutivo da criança: concepção e gravidez e de forma surpreendente, descobre-se que a interação e a relação já estão presentes desde então; é uma interação, pois de um lado esta a criança e de outro lado estão os pais.

Neste momento a criança já é um ser absolutamente singular pela própria determinação genética pois o processo de transmissão hereditária é altamente casual. Messen, Conger e Kagan (1956), colocam que, através da meiose, 23 pares de cromossomas se alinham em pares e estes trocam elementos de DNA entre si, o que multiplica as chances de combinações diferentes de gens que seriam da ordem de 64.000.000.000 – sessenta e quatro trilhões – entre irmãos. Portanto se conclue que exceto para gêmeos idênticos, cada ser humano é geneticamente único e biologicamente diferente de qualquer outro ser humano na face da terra.

Por sua vez os pais vivem o momento presente que contém os elementos da sua historia passada e os projetos para o futuro com relação a este bebê. Quando falamos em historia passada fazemos referência aos desejos e fantasias típicos da infância quando, por exemplo, as meninas empinam a barriga dizendo que esperam bebê ou brincam de mamãe\filhinha e os meninos brincam de papai e mamãe. Mais tarde quando adolescente, muitas vezes questionam seus pais, identificando-se ou rebelando-se, enfim posicionando-se quanto a como gostariam de desenvolver o papel de pais. Todas as experiências que se referem à relação com seus próprios pais vão constituir um sistema de crenças que influenciará suas escolhas e seu comportamento. Estamos falando da mitologia pessoal (Krippner, S. citado em Ciornai, 1991) de cada um dos membros do casal que por sua vez já traz consigo a mitologia da sua própria família de origem. Isto posto, ao se encontrarem, desenvolvem uma dinâmica peculiar a esta relação que depende dos recursos e ajustamentos criativos do próprio casal. É a partir de toda essa historia que o casal vai consolidar seus sonhos, anseios, conflitos, temores e expectativas com relação ao futuro bebê.

É neste pano de fundo que se desenrolará a interação pais\criança durante o período que se inicia na concepção e se prolonga durante a gestação.

Desde o momento em que o óvulo se fixa na parede do útero materno, inicia-se o processo de crescimento do novo ser que acontece através da interação com a mãe. A partir deste momento, ocorrem trocas e mudanças tanto na mãe quanto no embrião e, posteriormente no feto, que são vivenciadas por ambos.

Já a partir da concepção, o embrião provoca mudanças hormonais e bioquímicas na mãe que se transforma, apresentando entumescimento dos seios, náuseas, vomito e sonolência. Há uma reorganização orgânica e emocional que pode ser permeada por ansiedade e fantasias. Mesmo sem ter certeza da gravidez, a mulher já esta “aware” de certas mudanças em si mesma, embora possa não estar cognitivamente consciente. Ao tomar conhecimento do fato, a gravidez e a perspectiva do parto podem lhe despertar a consciência prática do extraordinário potencial do seu próprio corpo. O processo vai se desenrolando de tal forma que a cada mudança no feto existe uma correspondência na sensação e percepção da mãe sobre o seu próprio bebê. Da mesma forma que o feto vai se acomodando no útero, se movimenta e se adequa ao espaço em que vive, o corpo da mãe também vai se ajustando para acolher este ser que a cada dia ocupa mais espaço e se torna mais presente dentro de si. De alguma forma, o feto vai abrindo caminho, provocando o contato ente ele e sua mãe.

Segundo Secches (1993), o feto interage com três ambientes interligados entre si: o microambiente uterino, o meio ambiente do corpo materno e o ambiente externo natural e social. As condições e experiências biológicas, psíquicas e sociais da mãe fazem diferença na vivencia intra-uterina do feto. Isto nos leva a crer que a fronteira de contato mãe\bebê esta intimamente relacionada coma qualidade do contato que o feto estabelece com o meio ambiente, ou seja, com sua capacidade para receber estímulos. Se a fronteira for suficientemente firme para filtrar e selecionar estímulos e, ao mesmo tempo, suficientemente permeável para deixar que novos estímulos a impressionem, o feto poderá estar receptivo a novos estímulos que favoreçam seu crescimento – como escutar os sons, etc. – e, ao mesmo tempo, estará suficientemente protegido contra invasões de estímulos que tenham um potencial tóxico. Por outro lado se a fronteira, já determinada pelas características pessoais da mãe, for pouco consistente, o feto estará, já desde este momento, sujeito a maiores invasões, podendo ocorrer sensações desagradáveis que ficarão de alguma forma registradas. No caso contrario, quando a fronteira, dependendo de características especificas da mãe, for extremamente hermética supomos que o feto estará extremamente protegido por uma barreira que o isola do ambiente, sufocando seu crescimento ou possa até mesmo estar mais susceptível a um trauma pela passagem do nascimento, uma vez que se trata de discrepância muito dissonante entre duas realidades tão diversas.

Alguns autores, nos primeiros estudos sobre a vida pré natal descreviam um ambiente paradisíaco no qual o feto estava sempre suprido em suas necessidades pelo corpo da mãe. Acreditava-se que o feto vivia em um mundo impenetrável e o útero era considerado um lugar silencioso e tranqüilo. O corpo da mãe se interpunha entre o feto e as situações externas protegendo-o das mesmas. Pensava-se, portanto, que o feto vivia em estado nirvânico de plena satisfação e felicidade, protegido pelas espessas paredes abdominais da mãe. Hoje, com o avanço da tecnologia como a ultrasonografia, microscópio eletrônico, fecundação “in vitro” e fotografia intrauterina, desenvolveram-se estudos que trouxeram novas perspectivas para a compreensão dessa fase da vida. Atualmente temos maior acesso a esse fascinante e misterioso mundo da vida intrauterina, antes impenetrável.

Wilhem (1992), afirma que o útero não é o lugar seguro e silencioso como se pensava anteriormente. Pesquisas mostram que “o conjunto de sons constituídos pelos ruídos intestinais da mãe, de seus batimentos cardíacos e do fluxo de seu sangue nos grandes vasos que abastecem o útero e a placenta alcançam o volume próximo daquele produzido pelo trafego urbano”.

“Sabe-se hoje que quaisquer substâncias ingeridas pela mãe são passadas ao feto. Assim, o fumo, o álcool e as drogas atravessam a placenta e afetam nocivamente o bebê. Por outro lado, as perturbações emocionais maternas que nela provocam alterações neuro hormonais, ou em sua pressão arterial, também irão repercutir sobre o estado neurofisiológico do feto, ou seja, seu estado emocional”. (idem, p.65).

Estes estudos mostram que o bebê não é aquele receptor passivo da ação de fatores externos, mas sim alguém com características próprias, que vai se construindo, já desde os primeiros meses da vida intra uterina, através da interação coma a mãe. Neste ir e vir, em constante vir a ser, vai-se tecendo a individualidade da criança. Muito antes de nascer, o feto já percebe luz e som, é capaz de engolir, ter paladar, escolher uma posição predileta, registrar sensações e mensagens sensoriais. Ele dorme, sonha, boceja, esfrega os olhos, espreguiça-se, faz caretas, pisca, dá “passos”, reconhece a voz de sua mãe, brinca com seu cordão umbilical e sua placenta, chupa o dedo e o dedão do pe, reage quando é estimulado e apresenta rudimentos de aprendizado. A autora afirma ainda que “o feto tem uma vida emocional: é um ser que sente, tem emoções, experimenta prazer e desprazer, dor, tristeza, angustia ou bem estar; que é capaz de relacionar-se com sua mãe captando seus estados emocionais e sua relação afetiva com ele”. (idem, p. 19-20).

Acreditamos que estes estudos revelam que o ambiente durante a vida intra uterina esta em consonância com o ambiente que o bebê encontrará após o nascimento, guardadas as devidas proporções. Haveria portanto certa continuidade entre a vida intra uterina e a vida após o parto, o que nos permite inferir que os mesmos mecanismos que levam a criança a se desenvolver ao longo de sua vida já estão presentes durante a vida intrauterina. Isto nos leva a crer que a estrutura do crescimento descrita por Perls, Hefferline, Goodman (1951), quando se refere ao ajustamento criativo que ocorre a partir da interação no campo organismo\meio, se aplica à compreensão de como se dá a interação. Ciornai (1991, p. 5), afirma que para a Gestalt – Terapia “todo o contato é criativo, pois lida com o novo e o indivíduo idealmente cresce e se desenvolve assimilando o que o enriquece e nutre, alienando de si o que lhe é tóxico respondendo as requisições, exigências e convites do meio em um continuo processo de ajustamento criativo”.

Ao refletirmos sobre o período pré natal consideramos que o contato do feto com seu meio ambiente possui características próprias, um pouco diversas do conceito de contato que é usualmente descrito pelos teóricos da Gestalt – Terapia que tem como parâmetro o adulto.

O feto já tem desenvolvido os órgãos sensoriais e o aparatus motor. Ele exercita portanto as funções de contato quando vê, ouve, tateia, degusta, e se movimenta. No entanto a maturação do sistema nervoso central só permite que as estruturas subcorticais (cérebro, reptiliano e límbico) Ginger (1987), exerçam suas funções. O neocórtex ainda não se desenvolveu a ponto de propiciar a atividade cognitiva necessária para que possa estabelecer relações a ter uma compreensão mais acurada e ampliada dos fenômenos que se passam na fronteira. Apresenta, no entanto, respostas que são completas tendo em vista a etapa de maturação na qual se encontra, estando, portanto, inteiramente disponível ao contato, com todas as suas possibilidades. Em suma, consideramos que o contato existe enquanto estimulação sensorial e resposta motora no ambiente, embora não exista a capacidade de compreensão e percepção que aparece no ser humano com desenvolvimento maturacional sensorial e cognitivo mais elevado. Perguntamo-nos se o processo de formação\destruição de figuras acontece no feto tal e qual é descrito pelos teóricos da Gestalt – Terapia.

Perls, Hefferline e Goodman (1951), afirmam que o contato que resulta em assimilação e crescimento é a formação de uma figura de interesse contra um fundo ou contexto do campo organismo\ambiente; é um processo dinâmico em que as urgências do campo progressivamente potencializam o interesse, o brilho e a força da figura dominante. A figura se torna nítida através da intensificação da “awareness” que não é apenas consciência mas presentificação. Yontef (1979), coloca que “awareness” é uma forma de experienciar, estando em contato vigilante com os eventos mais importantes do campo organismo\meio com o suporte sensório motor, emocional, cognitivo e energético. Como no feto o contato é feito através  do suporte ainda rudimentar, eminentemente energético, sensorial e motor, pensamos que aí se caracteriza uma dinâmica “sui generis”: entremeadas aos períodos de retração emergem sensações que são vivenciadas em sua plenitude e captadas pelo organismo. Como o feto não possui o suporte cognitivo para poder compreender o que se passa, desenvolve uma “awareness” parcial, presentificada mas ainda difusa dessa experiência, pois rapidamente mobiliza energia, emite uma resposta motora e entra em retração. Essa descrição caracteriza o processo de formação\destruição de figuras. O feto irá registrar a vivencia desta dinâmica e, ao nascer, já terá assimilado esse processo como suporte para futuras interações.

Se no feto essa dinâmica tem caráter eminentemente sensorial, ao nascer o bebê estará preparado para ampliar o seu campo relacional. Vem ao mundo pronto para interagir. A partir das interações passa a estabelecer as primeiras relações de significado e dotar seu comportamento de intencionalidade.  Formam-se, assim, os primeiros vínculos que fundamentarão seu crescimento.

Cada vez que esse processo é vivenciado as experiências vão sendo registradas no sistema límbico. Ginger (1987), afirma que o registro nêmico é difuso e bilateral. De fato, ele não é conservado em estruturas materiais fixas, mas consiste em um trajeto, uma fenda nas vias neurais. Salienta que a corrente passa melhor por uma pista que já foi usada. Acreditamos que este é o substrato orgânico que reforça a idéia de que as primeiras experiências são fundamentais para o desenrolar da vida psíquica da criança e, posteriormente, do adulto. Mesmo diante de uma experiência nova pode haver uma tendência a recorrermos a padrões antigos que são usados como referencial inicial diante da nova situação.

Desde a gestação o bebê vai convivendo com os pais e construindo sua historia de vida no contato com eles. Este, que trazem consigo gestalts inacabadas, cristalizações, ajustamentos criativos, por sua vez, também transmitem seus mitos, valore, seu modo de ser, enfim, uma historia que foi influenciada por seus ancestrais e por sua cultura. Acreditamos que isto tudo seja o pano de fundo que permeia as relações afetivas. Uma criança que conviva com uma família equilibrada poderá estabelecer contato onde as figuras sejam mais nítidas. Neste caso o encadeamento formação\destruição de figuras pode acontecer com certa força e fluidez. A criança assimila o contato e pode criar vínculos que proporcionem melhores condições para o processo de diferenciação e individualização.

Através do estudo da Psicologia Pré Natal, podemos observar no processo evolutivo do ser, que ele não é um receptor passivo em seu desenvolvimento. Ao passar por determinadas experiências, vai caminhando em processos muito gradativos com episódios de desorganização e reorganização que lhe trazem progressivamente suporte para as fases sucessivas do desenvolvimento. Interagindo com o ambiente, o feto vai criando mecanismos de adaptação e ajustamento. Vai assimilando essas vivencias e transformando-se, fortalecendo-se para ir em busca de novas situações. Vê-se, então, impelido a arriscar mais… uma nova situação: o nascimento!

Uma vez que a gestalt considera o homem como um ser em relação, concluímos que o estudo do desenvolvimento é fundamental para a compreensão do homem na sua totalidade. Ao falar no homem como um ser em relação, estamos considerando a historia, que tem inicio muito antes do nascimento.

Este conhecimento amplia, fundamenta e instrumenta o terapeuta para a compreensão do paciente como um ser único, que traz em seu momento presente, as experiências vividas.

 

Desde 2001 desenvolvendo o saber em Gestalt-Terapia